quarta-feira, maio 31, 2006

Na chuva, não se escolhe a gota

Quem está na chuva é para se molhar
e na chuva, não se escolhe a gota que irá te acertar


José Augusto Sapienza Ramos (índice de posts de José)

terça-feira, maio 30, 2006

Dormes





Dormes, enquanto o tempo passa e não sentes

Deitada, inocente, os grandes olhos fechados

Só não me deito ao teu lado, por medo que acordes

E eu perca o deleite demorado de estar acordado

E te amar enquanto dormes






Alexandre Giannini (índice de posts dos outros contribuidores)

domingo, maio 28, 2006

Trabalho de Preiss

- Como está indo o trabalho de Preiss?
- Qual trabalho?
- Aquele que você não conseguia resolver...

Que era para tentar entender aquela parada...

Ah sim, bem me lembro, quase esqueço.
Estamos fazendo, aos poucos...
Copiando códigos e exemplos,
botando aqui, ali, acolá.
Organizando, organizado.
Inserindo os "includes" da vida.
(Que) Ainda não está pronto.

João por Marcos (índice de posts do Marcos Côrtes)

Fugindo Da Dor

Mais uma vez estou em suas mãos.
Você me controla como quer
e eu não consigo te dizer não.
Estou tentando fugir da dor
e você me faz sofrer.
Então, fecho meus olhos
e desejo ficar sozinho.

E todas as mentiras
que você me disse,
de algum modo eu sei,
foram para amenizar minha dor.
E tudo que escondi
onde o mundo não podia ver
foi uma tentativa de mascarar
que preciso de você.

Seu café esfriando à mesa.
Você já não está aqui.
Pegou seu carro e sumiu.
Agora tento me livrar da dor
que você me faz sentir.
Então, fecho meus olhos
e desejo que tudo seja um sonho.

E todas as mentiras
que você me disse,
de algum modo eu sei,
foram para amenizar minha dor.
E tudo que escondi
onde o mundo não podia ver
foi uma tentativa de mascarar
que preciso de você.

Eu tento lutar contra o sofrimento.
Recuar outra vez,
nunca mais.

Eduardo Silva Ramos (índice de posts de Eduardo)

Deus não quer fãs!

Pra mim,
Deus não quer fãs!
Porque fanáticos são cegos...
Ele só quer seguidores,
aprendizes questionadores!

É assim:
Certo e empolgante como a manhã...
e às vezes confortável como pregos
fincados no âmago do ego...
Essa é a dádiva da dúvida!

Por fim,
Deus espera como um divã
quem tem fé, mas não é de ferro!
Quem questiona e aprende,
erra e se arrepende...

José Augusto Sapienza Ramos (índice de posts de José)

sábado, maio 27, 2006

Araucano Libertador


É chegada a hora de gritar
Que somos libertadores!
E que as nossas dores
Iam de sobremodo cessar.

Chega de perecer!
De não conhecer a vitória
Honremos a nossa história
Lutemos até morrer!

Guerreamos por uma esfera
E nosso inimigo é astuto
Usamos cores de luto
Mas as usamos para lutar

Um país unido
Por um emblema glorioso
Índio vitorioso
Que morreu pra ser imortal

Ricos e pobres
Juntos na arquibancada
A utopia estava realizada
Pois se abraçam pelo mesmo amor

Onze combatentes
Com o Araucano no peito
É hora do pleito
Não fugiremos jamais!

São noventa minutos
De uma batalha inteligente
Pois une corpo e mente
Para a vitória alcançar

Rompe-se o grito
Do monossílabo desejado
Alegria e regozijo exagerado
Um a zero no placar


O tempo passa...
Mas ele é aliado
E o palco vai sendo formado
Para a grande festa aflorar

Um segundo grito é entoado
Estamos perto da redenção
Explode a alegria no coração
Do povo recém saído da repressão

Minuto oitenta e oito
A batalha está terminando
Mas na guerra estava entrando
Um combatente especial

Era o mais jovem
Deste exército triunfal
Que faria no minuto final
Mais um grito anunciar

Acabou a guerra!!
Vamos todos celebrar
Praças e ruas vamos tomar
Pois a derrota para trás está

Grito feliz
Bem alto e com amor
Tenho orgulho de ter no peito
Um Araucano Libertador.

Marcos Vinicius Toledo de Farias (índice de posts dos outros contribuidores)

sexta-feira, maio 26, 2006

Poema para a leitora solitária

De que valem os livros, a literatura, a poesia,
Se neste dia a harmonia aos meus olhos revela?
Nem Machado (de Assis), nem Manuel (Bandeira)
conseguem minha atenção primeira, somente a figura bela
Desta leitora solitária...

Que na morenice de sua tenra juventude brilha só, faceira,
entre livros empoeirados, nesta manhã de quinta-feira.
Não olha nem para os lados...
Só lê e copia, como se fosse só esta a utopia do aprendizado.

Só, no mundo, atrai à todos,
me deixa adolescente desconcertado...
Não se dá conta da sua força vivente,
não sabe que é o sol onde giram os homem, encantados

A bela onda negra que lhe cái nos ombros,
Como negra cascata de brilho azulado,
contrasta com a pele de seda, em costas de bronze dourado...
És poema vivo, arte de deuses apaixonados.

E nesses versos me perco e me acho
Sabendo que o tempo não espera
Vou-me embora já, viver ao acaso
Na esperança de conhecer leitora tão bela...

Alexandre Gianinni (índice de posts dos outros contribuidores)

Cinco Minutos

Foram eternos
Aqueles cinco minutos...

Eternos como o vento
Que sopra sem destino
E vem de longe...
Como de longe penso em ti

Sinto saudade
Daqueles cinco minutos...

Saudade que me consome,
Que me aperta, me desconcentra
É como a minha tristeza
Que infelizmente aumenta

Quero voltar
A ter cinco minutos...

Ter para poder sonhar,
Sorrir e cantar.
Porque sem eles
Só enxergo o verbo chorar.

Pai!! Onde estão
Os meus cinco minutos!

Marcos Vinicius Toledo de Farias (índice de posts dos outros contribuidores)

quarta-feira, maio 24, 2006

Rodas de Violão

Nas escolas do mundo
ou com geladas na mesa,
nossas vozes presas
num tom tanto vagabundo,
transbordam na canção alheia

É onde nossa alma bambeia...
Onde nosso medo, receia!

É assim:
As canções, amarramos
com as seis sonoras cordas!
E para todos, na roda
as jogamos...
Para afinar a vida,
ou harmonizar a dor adquirida!

E se quem apenas canta,
seus males espanta
Então, na roda de violão
com a voz e emoção,
seus males amansa e encanta!

José Augusto Sapienza Ramos (índice de posts de José)

terça-feira, maio 23, 2006

A marca dos 1000



Fico muito emocionado
meu coração a 1000, palpita!
Eu deixo aqui marcado,
nesse poema improvisado,
chegamos a 1000 visitas!

A todos, muito obrigado!

José Augusto Sapienza Ramos (índice de posts de José)

Esperando o Milagre

Vivi um sonho
Um sonho que parecia interminável
Vivi um milagre
Daqueles que só Deus pode me dar.

Momentos incríveis
Que duraram pouco..
Pouco demais pro meu coração
Que sempre foi frágil e esperançoso.

Mulher incomparável
Que conheci em minha adolescência
E cuja beleza e inocência
Sempre me fez amar

Isso que sinto hoje
É forte, é belo, é vivo
E por isso é que eu digo
que sempre vou te amar

E é por isso que viverei
Esperando o milagre
Aquele que só Deus
Pode me dar

Marcos Vinicius Toledo de Farias (índice de posts dos outros contribuidores)

segunda-feira, maio 22, 2006

Maravilha Celeste


Hoje é noite de luar.
Já reparou em todas as estrelas?
Reparou como parecem ser cuidadosamente posicionadas?
Como todas parecem estar olhando para nós?
Não tenha medo,
também não costumo reparar.
Mas, ás vezes,
olho para o céu estrelado e me pergunto:
Como pode ser tão belo e tão simples ao mesmo tempo?
Não que a beleza esteja nas coisas complexas,
mas, sendo infinitamente grande e distante,
como pode estar a apenas um olhar?
Um observador atento pode comtemplar uma das mais lindas visões:
Um mundo singelo, calmo, onde tudo existe em perfeita harmonia
e nada o pode perturbar!
Mas, nossa vida atribulada não nos permite tal percepção,
parar e prestar atenção em algo que realmente vale a pena.
Sempre apressados, corremos, e, com isso,
esquecemos de ver coisas que poderiam nos mudar.
Já se sentiu admirando o luar e ficar feliz sem motivo aparente?
Confesso que fiz isso poucas vezes.
Mas, existe algo mais inspirador que a lua e as estrelas?
Acho que não!
A Dama da Noite nos olha, protege e vê!
Então dou um conselho:
qualquer dia desses, deite-se e aprecie o céu.
Companhias agradáveis nessa hora são ótimas
e se puder escutar a música que mais gosta,
entaum será perfeito!
Seus pensamentos irão longe e ao voltarem, estarão mais leves
e cheios de esperança e alegria.
E tente entender: os astros são como nós!
Talvez devêssemos olhar mais para cima para conviver aqui embaixo!
Caso contrário, não teremos um futuro para apreciar mais nada!

Eduardo Silva Ramos (índice de posts de Eduardo)

domingo, maio 21, 2006

Homenagem a pequena amora

Foi pequena amora!
Pequena, pois tempo foi curto aroma...
E fruto, pois intenso foi o sabor...
Seu amor feminino, amora!

Ardemos como fogo,
mas acabou,
porque fluímos como água!
Não poeto aqui por saudade,
te faço apenas, homenagem!

Foi amor, aroma, minha amora!

José Augusto Sapienza Ramos (índice de posts de José)

sábado, maio 20, 2006

O poeta, a inspiração incontentadora e a alada imaginação

1

Olhe!
Com caneta, papel
e sua mente na mão
quer fazer algo magnífico,
sem precedentes,
mas só paira o vão, não finda!
Busca surgir um inspirado,
talvez até um Pessoa abafado!

"O que me dá o direito de ser poeta?
Hum, talvez...
Uma meia dúzia de palavras difíceis!"
Ele pensa...
Mas o que pede para poetizar
é sua essência!
Dê-a asas e talvez
no final de cortesia
o seu branco papel
torne-se uma poesia...

2

E veja agora!
Seu alado partiu ao céu,
a imaginação...
E lá se vai o pequeno pássaro,
busca verbalizar a essência!
Quer mais que simples palavras,
quer buscar inspirações!
Paira no alto e fita lá embaixo
seu objetivo:
a floresta das emoções

Como uma águia, mergulha pleno
mas ele não é águia
só um alado pequeno,
mas a sede assim o faz!

3

Olha as bucólicas frutas,
mas sua busca é una!
Sabe a fruta que quer se lambusar
e não se frustra, sabe em qual árvore!
Até pensa outra buscar
mas não, quer aquela, precisa!
Ou não é pássaro!

Ele fita o querido fruto!
Quer espalhar suas sementes!
Mas ele não viveu seu sabor,
foi só vontade de uma saudade...
Sendo clemente, fica a comtemplar!
Sabe que não se pode saborear, possuir...
E só sente seu ligeiro cheiro

4

E o pássaro retorna,
fez inspiração na essência!
E o papel tornou-se poesia digna...
Então certeiro, o agora poeta a amassou!
Incontenta-se com cheiro, quer sabor!
Mas só sabe o cheiro
pois não viveu aquele amor

José Augusto Sapienza Ramos (índice de posts de José)

segunda-feira, maio 15, 2006

Falsa Realidade

Olhe para você!
Eu achava que éramos diferentes.
Não somos!
E você não é melhor que ninguém.
Olhe dentro de si!
O que você vê?
Não é como olhar no espelho.
Você realmente é como aparenta?
Sinta seu interior!
Liberte-o!
Dê a si mesmo uma chance de conhecer o que há dentro de você.
Escute seu coração!
Talvez, não precise mais usar a máscara.
Essa que você se esconde,
que esconde seus reais sentimentos,
e que deixa passar apenas esta imagem vazia.
Você chora ou ri?
Ou se ocupa demais com coisas fúteis?
Você se vê como uma pessoa que pode passar por cima de outros.
Tenho uma má notícia: Você não é!
Porque, dentro, você é suja.
Sujo como eu,
e isso não se pode limpar.
Você é um ser humano
e não tem nada de especial.
Bem vindo à realidade!
Desculpe ser eu a pessoa a trazê-la para cá,
mas alguém teria que fazê-lo.
Mais cedo ou mais tarde.
Foi para o seu próprio bem.
Às vezes é difícil aceitar,
mas você vai ter de aprender a andar com seus próprios passos
e se equilibrar de novo.
Ache seu centro!
Porque, agora, sua armadura ficou para trás.
Nada mais lhe protege.
Eu sei!
A sensação é de nudez.
É como se todos pudessem ver o que você escondia.
E é verdade!
Agora, você é transparente.
Mas, não é perfeita.
Não se preocupe,
ninguém é!
Porque, dentro, ainda fogem.
Fogem como eu.
Eu vejo além do pano,
vejo seu real ser.
A diferença?
Eu me cansei dessa existência plástica.

Eduardo Silva Ramos (índice de posts de Eduardo)

sábado, maio 13, 2006

A possibilidade

Se fosse possível
nasceria ateu,
ateu de carterinha,
e continuaria atuando o inatuável.

Se me desse paciência
seria escritor.
E que belo escritor seria
mas me falta tempo.
(tempo.. tempo... tempo...)

Há a possibilidade do amor
como se fosse possível.
contudo eu não amo por completo
me apaixono por partes incompletas.

Como se fosse possível
Faria-me existir, eu mesmo, eterno.
Seria em plenitude um ser que eu mesmo formei e formatei.
Insolúvel, inconsumível, indestrutível.
Mas aos poucos me consumo e me consomem.
Crio, palpiteiam. Modelo, remodelam.

Há a possibilidade do desamor
mas eu não me odeio por completo.
Sigo uma lógica incompreensível pela lógica.
Uma razão de fatores que são inexistentes
ou delírios provocados pelo estudo de matemática.

Se fosse possível me compreenderia,
me destrincharia, tornaria cada etapa exata.
Cada tempo explicado, cada reação acionada.
Mas como já disse, pela ilógica na minha lógica,
o amor é em síntese ausente, indeterminável,
se não interpretado pela sua liberdade enquanto incausável.
E como já disse, se fosse possível, seriamos feitos de amor.

Marcos Vinicius Policarpo Côrtes (índice de posts do Marcos Côrtes)

Sábias reticências...


Pontuação vislumbrante!
Não aplique-as só como faz um escriba,
use-as na decisão, na tensão, com o/a amante,
etc...
aplique em qualquer parte da vida!

Esse trio, por um instante, faz uma tormenta parar!
Dá tempo ao tempo, um tempo para pensar...
Coloque uma reticência na sua existência
e respire, olhe em volta! Reflita...

Use-as numa briga também!
Uma boa reticência nessa hora vem do olhar
afasta a raiva pra longe...
E se quiser, dê uma (...) na confusão,
pense em nada, fique na ausência num instante
e arrume sua mente e coração!

Pode usar! Não fique reticente...
Não com essa magnífica trindade
que pode suspender qualquer pensamento
Mas use sabiamente!
É contra-indicada em grande quantidade
elas só descansam, não curam o momento...

Não faça-as como fuga,
nem para ratificar uma negligência...
Use apenas como momento refúgio para se recuperar!

Sábias reticências...

José Augusto Sapienza Ramos (índice de posts de José)

quinta-feira, maio 11, 2006

Noite e mar




Nas nuvens, no seu olhar
vejo traços Dele, nosso luar!

Pés na água, alí, nossa estrela
me faz cantar... Ah! Balada inabalável
Areia áspera, rale minha dor inesgotável
Vento brando, leve essas cinzas
mas não excite as brasas!!!
iluminará a minha expressão nas águas...

Lágrimas que salgam o oceano!
Onda gelada que acalenta a alma...
Dessa noite, tento, luz tirar!
Luz para ver!
Ver nossa história que temo em não perceber mais...

E já que a vontade Dele, foi de te levar...
Então, noite e mar, leve a nossa balada
onde ela estiver! E me traga o dia...
mas não me tire a lua, aquele seu olhar!

José Augusto Sapienza Ramos (índice de posts de José)
Colaboração de João A. Jordy

terça-feira, maio 09, 2006

Quero perder a razão!

Quero perder a razão!
Me desfazer dela pra preencher o vão...
Para inquietar minha alma
Sondar o irracional, contemplar a calma!

Não a quero mais! Vá embora!
Chega de teorizar, só faz demora!
Tomo olhos insanos da plenitude
sem razão, apenas sentimento e virtude

Assim sinto a alma e ela me toca sentida!
Eu quero ser um cego a lapidar a vida,
somente no tato, sem finito...
brinco na beira do insano, eu admito

E daí? Quero chorar como as chuvas
Seguir leve, tocar sem luvas...
rir bobo e amar como louco
gritar o que fere, mesmo estando rouco

Então, exploda peito, exploda em pedaços!
reinvente-me a cada alvorada, tire este embaço...
Torne-me tirano de mim, o absoluto!
e corte a âncora da razão!! Sem nenhum luto...

José Augusto Sapienza Ramos (índice de posts de José)

domingo, maio 07, 2006

Tudo O Que Mais Adoro

Eu adoro,
Adoro o jeito que me olha.
Adoro o jeito como fala comigo.
Adoro como você sorri.
Adoro olhar e me perder em seus olhos.
Adoro o toque da sua pele.
Adoro o suave tom de sua voz.
Adoro conversar contigo.
Adoro quando está por perto.
Adoro sentir seu perfumado cheiro.
Adoro a cor dos seus olhos.
Adoro até quando você não diz nada
e simplesmente respira.
Mas odeio,
Odeio quando não nos falamos.
Odeio quando não posso te ver.
Odeio não poder te sentir.
Odeio não poder te ouvir.
Odeio o tempo por passar tão depressa
quando estamos juntos.
Odeio sentir saudades.
Por mim estaríamos sempre juntos.
Odeio quando não temos tempo um para o outro.
Mas, principalmente, odeio quando vai embora.
Pois nesse momento, todas as coisas que odeio se juntam
e todas as coisas que adoro vão com você.

Eduardo Silva (índice de posts de Eduardo)

Ódio Criativo

Nem os diabólicos, nem angelicais, todos rejeitam
este ranço de sua garganta, esses abissais
A cruzada dos infames e suas expressões carniçais
repulsa-me, como rejeito teu ventre judas

Ah sua larápia de ventos esperançosos!
Devolva-me o tufão! O abrigo dos carniceiros!
Estonteante e vão cheiro de guerras, gozo dos perdedores
Falsidade que dá náuseas! Um buquê sem flores

Vendas teu sangue, corja! Sem espelho, sem alma!
despindo sua casca sôfrega e de dentes rangentes
Siga com sua orgia de canastrais situações!
Modos escrotos, pensamentos medonhos, decomposições

Deturpas a imagem colorada do que é humanidade
regrides ao desembestamento do monstro, erma vulgaridade
Viscosa quimera sepulcral que fita-te em outrora risonha!
Ressaque as suas vontades impregnadas de peçonha

Pedaços de argilas errantes, fornadas negras
és tua dádiva, frutos infames, impura emoção
Cativas, porém és obtusa! Condenas ao sombrio da desilusão
Tarda-lhe essa farda, ardente e repugnante atração

José Augusto Sapienza Ramos e uma pequena ajuda de todos contribuidores desse blog (índice de posts de José)

Porta do banheiro fechada

Porta do banheiro fechada
Amanda Jamire

Me distraio lendo revistas. As vezes ligo a tevê. Não gosto da janela, pois aquela vizinha do lado me odeia. Arrumar a casa, gosto... Agora notei que esta estante tem andado empoeirada. Não é bom deixar os insetos encostarem. Esta mancha na mesa não sai nunca! Estou cansada, acho que ainda tenho aquele disco de Jobim.
Não é que achei uma revista antiga minha, sobre I yung, uma arte de decoração de casas que a muito tempo venho acompanhando. Será mesmo que isso funciona? Na casa de minha amiga, ela colocou uns espelhos no canto da parede e ficou lindo!
Faz tempo que não leio sobre isso. Lembro do tempo que fazia meu horóscopo diariamente com um especialista, ou jogava Tarot. Nunca dava muito certo, mas me sentia bastante segura e preparada para o dia. Estes esotéricos tem uma forma fascinante de nos alegrar. Um olhar sombrio, um mistério. Melhor ir preparar o café...
Voltando a revista, toda inteirinha sobre banheiros. Como decorar, comprar utensílios, melhores azulejos... Viro mais algumas páginas, muito interessantinho. Como não achei esta revista antes? Não lembro de ter comprado nem de ter lido.
erá que foi a Gê? Não, ela não gosta de deste tipo de coisas... A Fernanda teria me dado uma revista desta. Sim, deve ter sido a Fernanda. Acho que foi no centro, estavamos almoçando e ela estava comigo, não lembro qual banca foi...

"- Ai!"

Droga de sapatos. Felipe os deixou aqui. Ele deve está acordando...

Estou curiosa, vou ligar para ela e ver se ela tem mais destas revistas. Quero ver se faço mesmo uma rearrumação na casa.

"- Amô, cadê você?"
"- Estou no telefone... Só um minuto..."
...
...
...

Fernanda me disse ela nunca esteve no centro comigo (Rs***). Marquei com ela então de encontrá-la no centro. Quero que ela me dê umas dicas sobre I yung. Depois do trabalho. I! Mas hoje tenho reunião... Saco! Acho que vou ter de adiar.

Foi no centro sim. Tenho quase certeza. Uma banca de jornal em baixo do prédio onde trabalho. Mas quem foi que comprou? Eu realmente nesta época era muito interessada nisso, seria um ótimo presente. Mas... Já passou o café.


"- Está atrasado... Peguei suas roupas e sapatos..."

"- Tá..."

(porta do banheiro bate fortemente)


Peguei meu café e vi que o quadro com as rosas. Esta estante, acho que era do vovô.

Esta revista foi um belo presente, por que esqueci que ela estava aqui?


Depois de uma reunião que conheci Felipe, ele de terno fica charmosíssimo. E aquela barba mal feita, Rs*** Tentando vender seu produto para a empresa.


Na revista dizia que devemos manter a porta do banheiro fechada para que a energia da casa não fuja pela água que escorre deste cômodo. Realmente tenho mantido a porta muito aberta. E esta casa realmente precisa de uns retoques.


Este café está morno e meio amargo.


Nunca fui de colecionar revistas, e esta tão bem guardada. Diz também para comprar uma planta bem colorida e colocar no banheiro. Um lustre redondo... Se continuar assim, vai virar uma reforma. (Rs****) Uma grande e chata reforma. Não quero mudar, tanta coisa... É melhor só fechar a porta, por enquanto. Esse número, no final da página...

Olho para o lado e vejo um quadro. Acho que era... De quem era... A sim! Da Samara. Minha melhor amiga. Meu Deus! Faz meses que não a vejo! Ela era esotérica de carterinha. E adorava astrologia, Cartomância, Numerologia, Grafologia... Será que foi a Samara? Não, essa revista é do centro, e ela também nunca foi no centro. Só nos víamos na faculdade.


"- Obrigado. Tenho de ir correndo para o centro, onde está o jornal?"

"- Deve está lá na porta..."

"- Ainda lê sobre isso querida?"


Que se dane a reunião, vou ver Fernanda e ela me ajuda com isso. Não tem nada de importante naquele negócio. Não vão precisar de mim mesmo. Vou já na loja de manutenção e comprar algum material. E um jeito de manter esta porta fechada.


Ésta revista é estranha mesmo. Não tenho mais nada "sobre isso" aqui. Na época que lia "essas coisas meigas" tinha bastante material. Foi numa banca, depois de uma reunião que ganhei esta revista, quando ainda me iludia por estas coisas...
(índice de posts do Marcos Côrtes)

sexta-feira, maio 05, 2006

Mulher moderna presa em pedras portuguesas

A/ C de um certo português
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Ela também foge das batidas do relógio
Ela corre para não perder a hora, o tempo, a magia do momento
Tudo é tão instantâneo e fugaz...

Seus pés vão adiante, sempre adiante,
como clama sua contemporaneidade
Mas seu sapato no ato insiste em ficar

Prende-se em pedras portuguesas do chão da rua que passa
Mas não pode seguir
Não pode seguir sem ele
Sem seu sapato cairia no ridículo no meio dos transeuntes
Mas por um instante adoraria o ridículo, o insensato, a aventura

E no instante seguinte volta e o pega,
liberta-o das pedras portuguesas que insistem em prender
Insistem em ficar no chão paradas
Inertes as pedras portuguesas

Não, ninguém irá pegar e entregar-lhe em mãos
Entregar seus sapatos, entregar-se a ela
As pedras são, e ela está, é passagem, é devir, é desejo
É ela mesma que volta e pega
Arranca-o das pedras, coloca em seu pés e segue...

Malditas pedras portuguesas!...

Daniela Macri 15/04/06 (índice de posts dos outros contribuidores)

quarta-feira, maio 03, 2006

Monólogo de botas-batidas

É, agora eu sei!
Nem o pó no sepulcro me faz jus
muito menos os bens que alcancei,
agora percebi Sua redenção na cruz

É, eu não me lembrava!
o que realmente acompanha o sopro divino,
onde todo o rio sempre deságua,
seja pobre, rico, velho, jovem ou menino

E agora, não posso voltar...
Vieram apenas a lembrança e sentimento
o tempo gasto com o resto, foi despediçar
como um sopro de desabafo na força do vento

E o que ficou que importa?
Meus rebentos, amores e sonhos adiados
lapidados na minha estátua, por quem lembrou
da minha história e do meu, talvez infame, legado

Entendo agora o que importa!
Exaurir, enquanto se tem ossos,
um pouco o que vou deixar no meu legado,
mas sempre o que levarei para o outro lado

E o resto?
O resto é resto!
sumirá no tempo, vai se dispersar
pelos giros que mundo insiste em dar...

José Augusto Sapienza Ramos (índice de posts de José)