segunda-feira, janeiro 31, 2011

Não há mais poesia (II)

A simplicidade das coisas
na complexidade da palavra.

A complexidade das coisas
na simplicidade da palavra.

A fatividade das coisas,
na indecência da palavra.

Indecência das coisas
nos desejos da palavra.

O cheiro, a forma, o suor,
desejos emanam das coisas.

A letra, o verbo, o querer,
sentidos direcionados à palavra.

Neste mundo de estranhos,
as coisas são redundantes.

Nesta ausência de poesia,
perco-me em determinismos vãos.

Mas as coisas, as coisas não existem.
Só a palavra, neste mundo, há.

Não há mais poesia (I)

Eu, eu tenho uma poesia
E tenho a fala e cogito.
Regugito (rumino) possibilidades,
quaisquer.

E sou gerido,
certificado,
por uma instituição
que me vende conhecimentos,
para meu inlustre sacrifício.
Qual?

Eu sou alguém que floresce
e desencana rupreste.
Mas que ao som de bentivis
retorna ao mecânico vício.

Não há mais poesia.
E eu (me) odeio,
eu mato e desmato.
Regenero-me.

Não quero ser (di)gerido.
Não quero ser certificado.
Sacrificado, sacrifico.
Mas estou perdido.

Enquanto minha alma é estilhaçada
por técnicos de poesias,
sem nem um pouco de valentia,
sulgam a poesia da vida.

Eu que era aquele poeta
de quinta categoria.
Preferi esse perfil certinho,
de boneco escritorário.

E não há mais poesia.

O que serei?
Se não for mais poeta,
o que serei?
Um diploma de seis sois,
e um feijão da mesa.

Escriturário,
técnicos escriturários,
apenas técnicos,
e nada mais...

quinta-feira, dezembro 30, 2010

Controversa em verso


Nos muros que o amor cria, para proteger
Plante umas trapadeiras floridas
Porém se quiser superá-los, sair
Terá que usar o coração como granada

terça-feira, março 31, 2009

Vontade


Sarau
Função não possui.
Platéia alguma fala mal.
Face rubra em palco sem luz.

Poesia
Rima é lógica mal construída
Não há mente, não faço!
Não há carne, não fato.

Medo
e de vez em quando delírio
sem desculpas do que almejo.
Mas de poema, as vezes, eu vivo.

Saudade
O que vivo no peito possuo.
Isto dos outros está oculto.
Pois na sua morada faz sua vontade.

sexta-feira, janeiro 02, 2009

A-mo-te (ou em algum dia de 2004)

Amo-te tempo. Amo-te como nova,
Amo-te a cada segundo consumido,
cada cinco segundos, apaixonado,
Por mais um mocado de ti.

Amo-te por que te amo como queira,
Como apareça de forma desperta,
até que te consuma por toda,
Por dentro, por fora, eterno.
Termino quando amo a próxima.

Escrevo para ti como quem perdera noção
do que escrevera há tempos atrás.
Amo você todo, só cada parte diferente
De forma diferente. Às vezes descrente.

Amo-te porque te desejo,
Ligação entre partes não inteiras
Desejos que não são completos, tão.
Continuidade que não vem, nem vai:
Inércia dinâmica?

Amo-te tempo, amores da minha vida,
segredos abertos e mal falados
Da forma discreta e certa de ler.
Desejos perdidos e confusos,
Mas agora e sempre abertos.
Amo-te tempo. Já amei?

quinta-feira, janeiro 01, 2009

Ponto de vista do poeta

Na vida
Alguns cantam
Muitos gritam
Poucos (se) perguntam


Mas eu rio...
E como rio,
Sucumbo amador

Fluindo na vida

Desaguando na morte

No leito do desejo

Com certo desespero


Augusto Sapienza

domingo, maio 25, 2008

Gritar


Não me podem impedir tão singelo gesto,
em alto e bom som.
Em indigestos paradigmas honestos
ou rima, ou riso, ou nexo.

Podem querer que me negue a corte,
eu nego, eu juro que nego.
Se querem que finja falsos encantos,
na cartilha deles eu rezo.
Mas não me podem impedir o desengano,
de gritar.

Eu sou, eu sou.
Se querem que diga que sou azul,
Me digam que me faço.
Eu ralo e disfarço. Engano, nu.
Mas gritando, gritando.

Quando grito, choro de raiva.
Olho torto, mordo o nada entre os dentes.
Quando grito não faço mais nada,
embora embeleze o pavão primaveril
dos jovens, dos velhos e dos ausentes.

Grito na cortina de chuva,
quando chego cedo por que mandaram,
visto linho sem ter grana para ter trapo,
quando soluço e continuo
em vez de parar e chorar.

Podem me impedir de pensar,
mas nunca de gritar, por quase tudo.
Enquanto grito não faço mais nada,
soluço entre os cantos desta sala
fechada, deste pavão primaveril.
Com um forte gosto imbecil entre os dentes
disfarço e desfaço em grito verdadeiro,
um grito insano, hipócrita e tristonho.

30/08/08 Marcos Vinicius Policarpo Côrtes
(índice de posts do Marcos Côrtes)

sexta-feira, novembro 16, 2007

Rea(r)mar


Rê,
Amar-te, rêamar,
rearmar,
no rêmar contra,
Para se render!

Re-amor não tem fim
Pois no dia que houver,
Só não recomeçou...


Augusto Sapienza (índice de posts de Augusto)

domingo, outubro 28, 2007

no oceano

Quem está na tormenta
Perde-se na tempestade
Atrás das ondas que enfrenta,
não há motivo, não há saudade.

No marinheiro de primeira viagem,
há uma cobiça de si.
Navegar é preciso,
viver, não é preciso.

Porém, quando a nau afunda,
sucumbe um corpo disforme.
O tesouro da terra firme,
não tem reflexo na água escura.

E quanto a alma que sobra,
se funde ao oceano, de nada.
No oceano, ele é tudo que resta.
E o que resta é do que se é feito.

E tudo perde sentido.

Nesse sal que seca por dentro,
há um denso céu no outro.
julgar as pessoas é fácil,
entendê-las, não é.

segunda-feira, outubro 01, 2007

Verso

Eu em versus com o viver

Diversifiquei com a razão

E me restou só, sem ver



Augusto Sapienza (índice de posts de Augusto)

segunda-feira, maio 28, 2007

A deusa e o mosquito

Torna-se o ciclo das coisas...
Para minha deusa, dei meu vitae
Fez dele seu gosto e me matou,
Eu fui esmagado...
Depois um mosquito veio por um pouco de mim,
Incomodar-me e mostrar que ainda tenho vida
E eu o esmaguei...

Augusto Sapienza (índice de posts de Augusto)