domingo, julho 30, 2006

Mão sedenta


Vou rasgar esse peito!
Tirar as costelas do caminho rejeito
Sentir quente sangue na sedenta mão
Sedenta por você, latente coração

Essa mesma mão cansada por ti
ainda tem forças para te esmagar
querendo cessar seu efeito pulsante!
Pois essa alma quer caber em si!
Mesmo que por curto instante!
Arrrr...
Aperto-te como afliges meu peito...
Arrrr...
Chega de tanto arder em mim!
Arrrr... isso! Pare! PAREEEE!!!!


trim, trim, trim, trim

Hein?! Ah... Que sonho!
Droga, já estou atrasado!
Tomo um café medonho feito por mim
e tenho que ver como vou arrumado...

Um cotidiano chato para um chato!
E salto pela porta com o rádio em cantoria:
"sem o amor eu nada seriaaaaa..."

(mais tarde...)

Lar, doce lar...
Vejamos o que tem na TV
Deixe-me esticar no sofá
(alguns minutos depois...)
Zzzzzzzzzzzzzzzzz...


Eu esmaguei-o!!!
Até a mão sedenta ceder
E fracassei, só bate mais firme!

Então em rubro sangue e letras,
fonte no peito aberto em sarjeta,
deixei uns versos em trilha
para quem quiser ver
esse desesperado ao final concluir
como Camões já concluíra:
"Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei o que, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê."


José Augusto Sapienza Ramos (índice de posts de José)

sábado, julho 29, 2006

Abre os olhos e vê
Quanta desolação poderia causar
Olha com suas vísceras
O que provocaria
Para quê?
Se quando o sol nascesse
E a alvorada rompesse com a escuridão
Não acreditaria em seus olhos
E veria claramente o que fez...
Conseguiria fitar seus próprios
Olhos o espelho?
Permitiria se perdoar?
Cria seu asco
Mas guarde-o para si
Não envenene o mundo
Guarde seus olhos
Para novo alvorecer
Mais calmo
Menos irado e aborrecido.
Fecha seus olhos
E vê que apenas feriu a você
Trazendo o mal
Enquanto anjo caído
Preserve sua leveza
Ama-te
E liberte-se dos sentimentos mundanos...


Agradecimentos especiais ao fotógrafo Paulo Brasil, você poderá encontrar mais trabalhos dele no endereço:http://www.flickr.com/photos/37837202@N00/
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sexta-feira, julho 28, 2006

Fluído dia

Por hoje eu vou deixar (...)

I

Sem revolucionar meu universo
nem recitar aquele uno-verso
retiro a interrogação das frases
feitas no cio da boca ansiosa
que hoje fica apenas ociosa

(Como grita Mundico...)
O que se torna passado vira eterno
E o presente é um passado mosaico inevitável
Então o futuro é senhor do nosso interno
Esperanças, anseios e tudo que for mutável

E hoje meu pensar deixa tal senhor quieto
para a alma sair da enfermaria,
a mente aproveitar mais as coisas do dia
e a sombra só ser onde a luz não ilumina
não uma lembrança do homem que já existira

II

Internas sombras e almas
tão dependentes e tão antagônicas...
sem alma a sombra é estática
alma sem sombra é corpo sem luz!

III

Nessa encomenda sem direito a pedido,
nesse caminho feito e entregue pelo Destino,
sendo-me imposto pela goela a baixo,
eu, destinatário insatisfeito,
vou onde esse remetente intrometido
nunca poderia ter previsto
e muito menos entendido!


I + II + III

(então eu é que entendi)
Para sentir o fluído do dia
preciso deixá-lo fluir em si
ou em dó, ré, mi, fá,
ou em sol de cada manhã, ou em lá
onde o destino não previu!
Fazendo suspiros sustenidos
e entrando nuns becos bemóis
numa música composta no escuro
desse senhor, o nosso futuro.

José Augusto Sapienza Ramos (índice de posts de José)

quarta-feira, julho 19, 2006

O Vôo Da Fênix

Em uma montanha longínqua
uma ave alça vôo.
Voa tão longe que, às vezes,
esquece do seu lugar de origem.
O vôo é como uma fuga da realidade,
para ver as coisas sob um novo prisma.
Voando tão alto e só,
a ave encontra paz.
Parece libertar-se de seus problemas.
Seu sonho é voar sem limites,
sem ter medo de nada,
apenas planar para longe,
sentindo-se vivo.
Seu corpo coberto por algo diferente
faz com que outras aves
mantenham certa distância.
Não com o intuito de isolar-se,
mas como proteção,
evitando ser machucado.
Isso contribui para sua solidão.
Essa ave é chamada de Fênix,
seu corpo é envolto por fogo
sua habilidade, a de renascer das cinzas,
começando a vida novamente.
Mas a ave é mais do que aparenta.
Seu vôo são pensamentos.
Seus sonhos são anseios.
Seu fogo é a timidez.
Seu renascer é o coração.
Sei disso porque, na verdade,
a ave é humana,
um ser humano.
A ave sou Eu!

Eduardo Silva Ramos (índice de posts de Eduardo)

segunda-feira, julho 17, 2006

Um homem, eu número e o governante

Bateu um homem hoje de tarde na minha porta
com uma prancheta e perguntas estanques...
Ele estava a contar a pobreza na favela
numa conta insensível para insensíveis governantes

Mas o que esse homem tinha que escrever
era a expressão dos meus olhos cansados
para ser incômodo àlgum governante
durante seu bom jantar despreocupado...

O homem dizia ser do IBGE
e eu era um outro número qualquer!
E assim o despreocupado será reeleito governante
pelos números enganados e ignorantes...

José Augusto Sapienza Ramos (índice de posts de José)

sábado, julho 15, 2006

Inquietatione

A noite passou, a bebedeira passou
a lua passou
e cá estou aqui acordado
apavorado
com o dia que veio, chegou. Soturno, difuso
e trouxe minha sobriedade
minha finalidade. De ser triste e feliz
morto e vivo
bem-querer e não me quis
bêbado e sóbrio
Sóbrio como o dia.
Sóbrio como esta vida.

Leonardo Santos (índice de posts dos outros contribuidores)

Frenesi

reluto na lua um luto sem beira, impotente e intransigente num tipo de cegueira * e assim numa cadência em demência tento achar um fim para esse luto que tanto reluto a cada minuto em mim * fico buscando um calmante para parar pensamento frenético de um amante relutante a realidade que não realiza sua vontade * lembro daquela que seria (mas não queria que fosse) a última dança (que ainda me balança) quando tocou um toque de veludo verdejante somente nos ardentes limites de nossos braços cheios de lampejos de desejos sem limites * imagino então que frio e vazio e vontade e saudade não rimam em vão mas sim por terem tamanha afinidade e finalidade * não mais cantarei aquele canto pois perdi o encanto quando o acaso fez descaso e jogou o canto no canto do quarto(-de-lua-minguante) que mingua não só a lua mas também a rua-caminho onde passaríamos como pássaros cantando esse encanto * mas sei que cada dia é um insistente dia novo de novo e o tempo levará esse temporal pois o giro sempre certeiro do ponteiro que trás a tarde também encarde a vontade * mas por fim o único casal que ficou forte nessa história afinal é a minha luta e meu luto (conjugo e derivo lutar em reluto)
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José Augusto Sapienza Ramos (índice de posts de José)

quarta-feira, julho 12, 2006

Pétalas Podres

Nas aparências, beleza, saúde, perfeição
Doce perfume, toque macio, cabelos lisos
A quente ou a frio, maquiagens de ilusão

A alma é pequena, e o que vale a pena
Para estas caídas é a alegria falsa
A palavra contida, a imitação da vida
Flores do mal, que afinal se expõem
Quando alguém se opõe aos seus objetivos
Egoístas e banais...

É o desperdício de uma encarnação
É o auge do medo e da ambição
Esquecimento eficaz que todos somos
Frágeis mortais...

Não lhes dói a dor alheia
Escondem tragédias pessoais
Só lhes interessa quem se alardeia
Quem ganha, aparece e consome mais

E eu, perdedor nato, não morro nem mato
Mas não vou me privar da ironia
E até o fim dos meus dias
Demonstrar minha indignação
Com essa época de flores falsas,
De pétalas podres, de mulheres sem alma,
Sem Deus, sem amor, sem coração...

Alexandre Giannini (índice de posts dos outros contribuidores)

quinta-feira, julho 06, 2006

Fiquem com o mundo, eu quero é a vida

Pois é, talvez o mundo
seja realmente
dos espertos
mas fiquem com o
seu imundo
eu quero o incerto
quero mesmo
é a vida!
Mas ela não pode
ser possuída
ela é apenas sentida,
então, no final das contas
não quero nada,
nem essa rima,
quero apenas sentir
a vida!

José Augusto Sapienza Ramos (índice de posts de José)

domingo, julho 02, 2006

Quem Sou Eu?

Entre tantas alegrias e mudanças,
incertezas e inseguranças,
estou eu, sentado sobre a pilha de troféus
antigos, oxidados pelo tempo.
Eu comtemplo o pôr-do-sol
na busca de conseguir a resposta
para uma grande questão:
Quem sou eu?

Somos muitos eus
dentro de um eu só.
O eu reflexivo é o que pensa,
mas também é o que me dá um nó.
E o eu da sobrevivência
querendo substituir o da inocência.
Será que perderei a minha essência?
Com tantos eus
fica até difícil de decifrar
quem sou eu e
onde isso vai terminar.

O meu eu coletivo
todo mundo conhece.
É como eu estou,
o eu que nunca cresce.
Mas o eu individual é diferente.
É aquele que nunca aparece.
É como realmente eu sou,
e ás vezes se entristece.

Posso ser André, Joaquim ou João.
Posso ser alto, parrudo ou anão.
Posso ser muita gente,
de tamanho e estilo diferente.
Posso estar na sombra da parede
ou mesmo na água do mar.
Só depende a quem quer me comparar.
Que me desculpe o autor por lhe parafrasear,
mas sou uma completa metamorfose,
difícil de se lidar.

No fim, sou só eu.
O puro e simples eu,
com todas as minhas alegrias e mudanças,
com minhas incertezas e inseguranças.

Euardo silva Ramos (índice de posts de Eduardo)

sábado, julho 01, 2006

Viagem Ingrata


Nesta viagem ingrata
Forçada pelo nascimento
Pesada com a bagagem da existência

Neste mundo de aparências
A dor é a senhora da consciência
O medo é o motor de todas as mudanças
e crenças

A morte, mudança de estado
É o resultado da vontade de Deus
A vida, campo de lutas
Da alma encarcerada
Nos prepara para o caminho inevitável
Da perfeição e do céu.

Alexandre Giannini (índice de posts dos outros contribuidores)