terça-feira, abril 17, 2007

Pedras do Castelo

As pedras no caminho? Guardo todas...
Um dia vou construir um castelo...

...

Por muitos caminhos não retos devo guardá-las?
Todas essas pedras que colocam em meu caminho?
Para construir o meu esperado castelo
Na larga terra escolhida para meu definho?

É esse o tal esperado vindouro?
Quando chegar lá, será de pedras o meu tesouro?
Apenas pedras postas ali mesquinhas e obtusas?
Apenas pedras frias, pesadas e mudas?

Elas não passam de frustradas, isso sim!
Pois das montanhas não passam de farelos...
Servem apenas para levantar paredes,
Jamais por si suficientes para construir castelos!

E as janelas, jardim, cama, endereço?
E o reino, rainha, portas e portões?
As pedras têm objetivo maior que o tropeço,
Elas juntas têm habilidade de formar prisões

Assim só terei pedras, apenas pedras terei...
Além de paredes o que mais eu farei?
Talvez me apedrejar de forma voraz...

Então escrevinho:
As pedras no caminho? Deixo para trás...
Nenhum dia vou construir qualquer parede...

Augusto Sapienza (
índice de posts de Augusto)

Versos originais da primeira estrofe de Nemo Nox.
Obs: Ao contrário do se acha na internet, os versos da primeira estrofe não são de Fernando Pessoa.

sábado, abril 07, 2007

Iara

Iara de noite
surpreende-se comigo
era tímido, tão conciso,
surpreende-se no amor....

Iara era difícil,
Levei pelo papo
presente, riso, atenção e fisco.
Tapa no pai e muito beijo!

Iara casa, obrigada.
meses depois, guri na barriga
pois não brinco em serviço!
Um beijo e muito amor...

Iara é linda, todo olha.
todos são filhos de deus
mas ela é minha.
Amor... Nenhum beijo.

Iara, cheguei em casa
Iara e tudo, amor...
Iara é minha, não aceito beijo
Iara disfarça, de queixo.

Iara, amada, morta.
Amor... que todo foi?
Iara é morta, sem amor...
sem beijo, de noite.

(12/09/04) Marcos Vinicius Policarpo Côrtes (índice de posts do Marcos Côrtes)

domingo, abril 01, 2007

Da série do dicionário individual conotativo: Realidade


Acho que cada um tem a sua... a minha é inverossímil
Onde a vida é uma vilã com requinte de crueldade
E morte às vezes me aparece como a libertadora e ora como quem castra...
E eu que nem não sou personagem disso? Sou apenas boneco de "ventrílouco"!
Preso por fios, em nós que me atam em regras sociais e de tola existência...
Pior que no fim, posso estar preso por nós, mas só existe eu em mim...

Acho que o grande defeito da realidade
É não aceitar minhas verdades que eu tento impor...


Augusto Sapienza (índice de posts de Augusto)

Imagem de Daniela Macri, conheça o trabalho dela em: http://www.olhares.com/galeriasprivadas/browse.php?user_id=26110

Da série do dicionário individual conotativo: Mar

É uma porção de água que não cabe na finidade dos olhos, por às vezes então pensamos não ter fim, como um amor que não se contenta nos limites do emanharado do peito e nos parece infinito, eterno, até acabar numa esquina dos seus próprios limites, ou seriam meus?...

Existem alguns tipos de mares, vejo muitos cultivarem os de lágrimas internamente para afogarem-se ou para tornarem-se ilhas...
Bem, pessoalmente tenho mais (a)finidade ao lavar o (i)mundo com os de suor...

Augusto Sapienza (índice de posts de Augusto)

Foto: Itacoatiara - Niterói - RJ